São Sebastião -

quinta-feira, 13 de março de 2008

Perspectiva (visão)

Foi no Renascimento que a utilização da perspectiva na representação gráfica e plástica, quer na pintura sobre tela ou em suportes rígidos – tábuas, murais (…/ …), conseguiu aglutinar significados diversos para os objectos, em contraste com os processos de representação anteriores, mais dados a hierarquias simbólicas, possibilitando um discurso visual sem interrupções na estrutura compositiva, mas igualmente dinâmico. A tradução da realidade espacial, agora com uma nova coordenada – a profundidade, permite uma representação num suporte bidimensional, quase sempre em superfícies planas. A hierarquia simbólica é substituída pela hierarquia espacial, tornando precisa a observação de dados naturais, tal como se apresentam no processo da visão, diminuindo o fosso entre as descrições textuais e as narrativas pictóricas.
A ilusão da realidade torna-se uma saudável obsessão (vista agora com toda a distância histórica no panorama das artes visuais), permitindo um registo perceptível para qualquer um que se preste à sua fruição.
Toda a realidade visual, cujos factores determinantes - cor, luz, forma e espaço, têm agora na ciência do desenho e mais especificamente na perspectiva, um denominador comum que lhes permite a sua plena compreensão e entendimento, que em fusão com outros registos precisos, como os necessários em anatomia, em botânica e biologia, permitem à representação pictórica um lugar de destaque e de supremacia, face a outros processos plásticos.
A perspectiva rigorosa, também conhecida como perspectiva linear, perspectiva cónica, perspectiva dos pintores ou perspectiva artística, é o processo técnico gráfico que mais se aproxima do processo de construção visual que nos permite entender o meio físico e espacial onde nos movemos, do mesmo modo que a fotografia controlada, tendo igualmente em comum um único ponto de vista, ou origem da observação. Tem como objectivo estrutural, a representação de formas no espaço, em superfícies planas, respeitando as características visuais resultantes da observação. A perspectiva cónica tem como base as projecções cónicas, assim chamadas porque têm a sua origem num único ponto (observador) e de onde derivam raios visuais, cuja intersecção com um plano de representação permite obter uma imagem plana, ou projecção.